RSS
email

Porquê a Pandemia?



A 7 de Setembro de 1918 um soldado americano adoeceu com uma febre grave. Foi-lhe diagnosticado meningite. Entretanto uma dezena de soldados adoecia com os mesmos sintomas. Dia 16 do mesmo mês já se contavam 36 novos casos, e uma semana depois já o número era de 12604 doentes num universo de 45 mil soldados. Cerca de 800 soldados morreram.

Este “novo tipo de infecção ou praga” mencionado por William Welch foi responsável por cerca de 40 milhões de mortes, em todo o mundo, entre 1918 e 1919. De facto esta infecção não era nova.

As pandemias de gripe humana apareceram duas vezes depois de 1918 (em 1957 e em 1968).

As pandemias de gripe resultam da “mistura” de estirpes de vírus de humanos e de aves, nos porcos.

O vírus da gripe aviaria reconhece oligossacáridos com ligações ácido siálico do tipo ASα2,3Gal, presente no trato respiratório das aves. Mas o vírus da gripe humana reconhece oligossacáridos com ligações ácido siálico do tipo ASα2,6Gal, presente no trato respiratório humano. Como é que os humanos podem ser infectados com estirpes aviarias? A resposta está nos suínos. Eles são conhecidos como “misturadores”, misturam as duas estirpes pois apresentam os dois tipos de ligações e, se tiverem contraído as duas estirpes de vírus, estes poderão fazer um rearranjo e voltar a infectar humanos mas agora com outra “aparência”.

Porque é que um vírus rearranjado pode provocar pandemias?

Todos os anos presenciamos epidemias de gripe, que resultam de deriva antigética (drift), que é a acumulação de mutações nos seus segmentos de RNA. O “drift” é lento e resulta da acumulação progressiva dessas mutações. No entanto há outra forma mais rápida de mudança genética, a alteração antigénica (shift). O “shift” consiste na redistribuição dos segmentos do vírus com outro subtipo geneticamente diferente. O sistema imunológico reconhece relativamente bem um vírus sujeito às forças genéticas do “drift” mas tem dificuldade em reconhecer o “shift” pois a alteração é enorme.


Fontes:

Scientific American

Aulas Virologia Prof. R. Parreira 2009, IMHT


Bookmark and Share

0 comentários:

08/11/2009

Porquê a Pandemia?



A 7 de Setembro de 1918 um soldado americano adoeceu com uma febre grave. Foi-lhe diagnosticado meningite. Entretanto uma dezena de soldados adoecia com os mesmos sintomas. Dia 16 do mesmo mês já se contavam 36 novos casos, e uma semana depois já o número era de 12604 doentes num universo de 45 mil soldados. Cerca de 800 soldados morreram.

Este “novo tipo de infecção ou praga” mencionado por William Welch foi responsável por cerca de 40 milhões de mortes, em todo o mundo, entre 1918 e 1919. De facto esta infecção não era nova.

As pandemias de gripe humana apareceram duas vezes depois de 1918 (em 1957 e em 1968).

As pandemias de gripe resultam da “mistura” de estirpes de vírus de humanos e de aves, nos porcos.

O vírus da gripe aviaria reconhece oligossacáridos com ligações ácido siálico do tipo ASα2,3Gal, presente no trato respiratório das aves. Mas o vírus da gripe humana reconhece oligossacáridos com ligações ácido siálico do tipo ASα2,6Gal, presente no trato respiratório humano. Como é que os humanos podem ser infectados com estirpes aviarias? A resposta está nos suínos. Eles são conhecidos como “misturadores”, misturam as duas estirpes pois apresentam os dois tipos de ligações e, se tiverem contraído as duas estirpes de vírus, estes poderão fazer um rearranjo e voltar a infectar humanos mas agora com outra “aparência”.

Porque é que um vírus rearranjado pode provocar pandemias?

Todos os anos presenciamos epidemias de gripe, que resultam de deriva antigética (drift), que é a acumulação de mutações nos seus segmentos de RNA. O “drift” é lento e resulta da acumulação progressiva dessas mutações. No entanto há outra forma mais rápida de mudança genética, a alteração antigénica (shift). O “shift” consiste na redistribuição dos segmentos do vírus com outro subtipo geneticamente diferente. O sistema imunológico reconhece relativamente bem um vírus sujeito às forças genéticas do “drift” mas tem dificuldade em reconhecer o “shift” pois a alteração é enorme.


Fontes:

Scientific American

Aulas Virologia Prof. R. Parreira 2009, IMHT

0 comentários:

Related Posts Widget for Blogs by LinkWithin