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Canal C - Vírus na Universidade



Um trabalho de virologia, um bom trabalho. Uma boa apresentação desse trabalho e, pum! Críticas duríssimas sem argumentos. Aqui vou enumerar algumas das críticas e a lógica das mesmas.





O trabalho tem sido explorado nos posts mais recentes.





1- Na parte  do trabalho que diz “primeiro registo de pandemia”, que durou entre 1580 e 1647. 




A crítica: " Uma pandemia não dura tanto tempo. E foi a primeira???"


A origem deste excerto do trabalho é a Scientific American: “A primeira pandemia influenza descrita data de 1580, desde então já 31 foram observadas.”; Daqui " O primeiro registo de pandemia data de 1580, ocorrendo em África e na Europa. Foi responsável pela morte de milhares de pessoas em 1647 à medida que alastrava das Caraíbas até Nova Inglaterra.”; Daqui, daqui e daqui: "La primera epidemia descrita que afecto a Europa, Asia y el Norte de África ocurrió en 1580, y la primera que afecto al Continente Americano ocurrió en 1647.".


A crítica faz sentido não faz? LOL






2- O excerto do capítulo Morfologia, que refere isto: " Hemaglutinina – HA – adesão às células. HA1 e HA2– clivagem por uma   tripsina-like (protease da família das serinas)”


A crítica: " HA adere porque a clivagem promove a disponibilidade do péptido de sinal."


No entanto, na bibliografia aparece isto: " HA1 e o HA2. Com a clivagem, a HA sofre uma mudança conformacional induzindo a actividade de fusão de membrana do polipéptido HA2". O importante estava referido: a clivagem que promove a aproximação do vírus à célula. O outro grupo mencionou apenas a aproximação (sem mencionar o HA1 e o HA2) e não houve qualquer crítica. O grande problema é este: Incoerência nas avaliações.






3- No mesmo ponto


 A crítica: " A clivagem não é pela tripsina mas por uma serínea"


Na bibliografia, aqui: “HA2 torna-se exposta em pH ácido e forma a glicoproteína da fusão. As mudanças conformacionais na HA em pH baixo resultam na exposição de alguns sítios e no seqüestramento de outros. Por exemplo, os sítios de clivagem por tripsina do peptídeo da fusão”  Hmm??? Li bem? Tripsina?? Afinal quem é que não estudou?






4- No mesmo ponto


Crítica: " Tripsina-like não se escreve"


Bem, nos slides vi inúmeros estrangeirismos: DNA, RNA, ORF, Drift, Shift, Feedback. Não convém ter "like" porque apetece implicar. É incrível a falta de ética...





5- No ponto referente ao ciclo replicativo: "Montagem e Extrusão dos viriões"


Crítica: " Extrusão não existe"


Bem, não sou pró em português mas inventar uma palavra é estranho, não? Encontrei quem a inventou. Aqui  alguém inventou a palavra... aqui, no dicionário também! Incrível! Mais incrível ainda, o próprio director desses professores tem um capítulo no seu livro chamado " Montagem e Extrusão. Fantástico.





6- No ponto das variações: Drift Antigénico e Shift Antigénico.


Crítica: " Tem de ser em português, deriva e salto"


Já expliquei este tema nos posts anteriores.  Voltamos ao mesmo, estrangeirismos? Quem emprega dezenas de estrangeirismos por aula e que não sabe o significado de uma palavra intuitiva não tem competência nem moral para  fazer uma crítica destas.


Mesmo assim, cá vai a bibliografia aqui e aqui, sim é a Roche. A Roche está errada, será?? Claro que não!


 
Aqui nesta imagem podemos ver que o "não faças o que digo nem o que faço" passa a fazer sentido. Bela coerência… Este é um slide das aulas. Parece-me ler “Drift” e “Shift”. Ups!



7- No excerto referente à prevenção e ao tratamento: Interferem função do domínio transmembranar da proteína viral M2.(fluxo proteico). Assim não há descapsidação“  
Crítica: "Está errado, inibe a actividade enzimática da NA"


Na bibliografia pode-se ler aqui:   " actua por inibição dos vírus,  através do bloqueio da actividade do canal iónico M2” “inibidor da neuraminidase"


E isto não é mais do que a inibição da actividade enzimática. Talvez seja melhor referir que isto está errado porque a explicação tem de ser a nível atómico, ou melhor, a nível sub-atómico?  A ordem dos farmacêuticos vai chumbar a virologia! Assim como muuuuitas outras instituições…






Em cima está o Excerto do trabalho original e em baixo O mesmo excerto no trabalho corrigido. Ora PORRA! Eu estava certo, não foi corrigido porque estava certo! Isto é muito estranho…





8- No capítulo da actualidade tem referência a “Gripe A”.


Crítica: “Não se pode escrever Gripe A”


Em cima está o excerto original e em baixo o corrigido. Cum Carago! Estava certo!  Em cima "Gripe A"; em baixo "Gripe A". Perceberam? "Gripe A" está errado, então vamos corrigir e... txaram!!! -> "Gripe A" é o corrigido. Uma pergunta: Porquê dizer mal quando está certo? Esta gente é normal? Só mesmo no IHMT. Querem os nomes dos responsáveis?


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Canal C - C de... tudo

C, C de calotice, de conspiração, de "canal dum catano", de Cardina, compreensão. Enfim... dos "C" que se lembrarem enquanto lêem. São histórias (reais) e emocionantes.
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Gripe: As Variações Antigénicas



O vírus da gripe, antes de sair da célula hospedeira tem de juntar os seus 7 ou 8 segmentos para completar o virião. Contudo, como são milhares de viriões a sair acontece que muitos terão menos de 7 segmentos ou terão segmentos repetidos o que inviabiliza os vírus, que deixarão de infectar pois não têm os segmentos necessários a todo o processo de infecção.
Estes vírus não têm nenhum mecanismo de correcção de erros de transcrição. Desta forma haverá muitos erros de transcrição ou que resulta em proteínas erradas e num virião inviável. As mutações são bastante frequentes, e são o motivo pelo qual precisamos de nos vacinar todos os anos.
As mutações pontuais de H1N1, por exemplo, fazem com que o vírus tenha sucesso contra o nosso sistema imunitário, sistema esse que já protegia contra o H1N1 de uns meses antes. A causa disso é a deriva antigénica, que promove a aquisição de variabilidade genética. É um processo lento e provoca surtos epidémicos.
E se dois vírus da gripe diferentes infectarem a mesma célula, o que vai sair? A resposta é que irá haver, a altura da montagem e saída, uma mistura dos segmentos das duas estirpes. Haverá, então, recombinação antigénica. Neste mecanismo as alterações são enormes.
Podemos reparar que, quando surgiu uma estirpe nova houve um surto pandémico. Em 1918, H1N1; em 1957, H2N2; em 1968, H3N2. Isto deve-se ao facto de haver mistura e troca de segmentos de mais de uma estirpe de gripe. Este mecanismo é altamente pandémico.
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Gripe: Que Bicho é Este?



O BI de um vírus tem como dados importantes o tipo de genoma, a simetria, o diâmetro, e se tem invólucro, que tipo de proteínas apresenta na sua superfície.

- O genoma do vírus da Gripe é de 7 ou 8 segmentos de RNA de cadeia simples (ssRNA), de polaridade negativa.
- A simetria a nucleocápside é helicoidal. A nucleocápside é constituída por 8 segmentos, nos tipos A e B, e por 7 segmentos no tipo C.
- O diâmetro do vírus é de 100 a 120 nm.
- O invólucro é lipídico e apresenta algumas proteínas específicas deste vírus na sua superfície: A Neuraminidase (NA) e a Hemaglutinina (HA). Apresenta ainda uma proteína bastante importante – a M2.

Esta é a estrutura viral do Influenzaviridae, da família dos Orthomyxoviridae, que pertence à ordem dos Mononegavirales. O NA e o HA representam os serótipos dos virus, há 9 tipos de N e 16 tipos de H. 

O vírus entra na célula através da acção conjunta da Hemaglutinina, dos receptores celulares e de uma protease. A Hemaglutinina liga-se aos receptores celulares, o ácido siálico, a protease serínica cliva a Hemaglutinina em HA1 e HA2, desta forma o vírus o péptido sinal fica disponível e o vírus pode entrar. Acontece a endocitose.
A proteína M2 é um canal iónico que permite a descapsidação do vírus. Ao bombear protões para o interior do vírus torna o ambiente intraviral mais ácido, o suficiente para o invólucro se dissociar. Assim os segmentos genómicos ficam disponíveis para transcrever.
Os segmentos migram até ao núcleo celular, entram pelos poros nucleares. Como é no núcleo que está a maquinaria de transcrição celular, os segmentos virais aproveitam para transcrever também através da RdRp que sintetiza os mRNA virais. Estes mRNA apresentam zonas de ligação ao ribossoma (para poderem traduzir para proteínas) – 5’CAP -  e de estabilidade – poli(A). A extremidade 5’CAP é cortada dos mRNA celulares e inserida nos mRNA virais pelo mecanismo de cap snatching. Desta forma os mRNA celulares ficam sem a extremidade onde o ribossoma acopla e não podem traduzir proteínas.
Ainda no núcleo ocorre o splicing de dois transcritos. Assim, a partir de 8 segmentos formam-se 10 proteínas.
Os mRNA virais saem do núcleo com as extremidades 5’CAP para o ribossoma poder traduzir e com a extremidade poli(A) que confere estabilidade. No citoplasma são traduzidas as proteínas. As proteínas da nucleocápside voltam ao núcleo para serem montadas lá.
Após a sua montagem retornam ao citoplasma através da acção da proteína M1 e da NEP/NS2. As nucleocápsides vão-se associar à M1 e vão adquirir o invólucros. Os mRNA trasncritos vão-se juntar e acontece a montagem completa do virião.
A Neuraminidase contribui para a libertação dos vírus da superfície da célula ao remover o ácido siálico da superfície da célula. Assim os vírus ficam livres para infectar outras células.

Fontes:
ANDRADE, H. Rebelo; DINIZ, António; FROES, Filipe – Gripe – Sociedade Portuguesa de Pneumologia – Lisboa – 2003 – ISSN: 972-8152-21-3

FERREIRA, Wanda F. Canas;SOUSA, João Carlos F. - Microbiologia Vol., Lidel .Lisboa, 2002. ISBN 972-757-136-0
 
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Gripe: A História do Vírus



As epidemias têm influenciado a história do ser humano, a política e a economia. Com o aparecimento da agricultura, há 12 mil anos, e a domesticação de animais permitiu um maior agrupamento populacional, o que facilitou a disseminação de doenças infecciosas.
A relação ambiente/saúde está presente na obra de Hipócrates: Ares, Águas e Lugares. Em 2400 a.C. empregou pela primeira vez as palavras epidemeion e endemeion.
Marco Terêncio Varro (116-27 a.C.) já alertava contra a construção de fazendas em sítios “encharcados”.
As superpovoadas casas de cómodos em que viviam os pobres romanos facilitavam a difusão de doenças transmissíveis.
Em 430 a.C. aparece, em Atenas, a primeira epidemia registada de Gripe. Foi também responsável pela destruição do exército de Carlos Magno, em 876.
Em 1580 surge a primeira pandemia de Gripe mas só em 1372 é que surge o primeiro termo para designar a doença. Um médico inglês, John Huxham, introduziu o termo Influenza relacionando os sintomas provocados pelo vírus com a influência astrológica.
Mais recentemente aparecem a Gripe “Espanhola”, A/H1N1, com uma mortalidade entre 2,5% e 5%, em 1918. Esta foi a pandemia de Gripe mais mortífera, entre humanos, de que há registo. Matou cerca de 21 milhões de pessoas num ano. Em 1957 surge a nova estirpe A/H2N2, conhecida como Gripe “Asiática”. Onze anos mais tarde, em 1968, a A/H3N2 entra em cena. Esta foi a terceira pandemia em cinquenta anos; chamar-se-ía Gripe de “Hong Kong”.
Um surto epidémico surgiu na Rússia em 1977, da estirpe H1N1, mais ma vez. Não chegamos ao fim do milénio sem assistir a mais um surto epidémico, agora da estirpe H5N1, a Gripe “das Aves”, com uma mortalidade de cerca de 50%, em 1997. Actualmente assistimos ao reaparecimento da estirpe H1N1, em 2009.

Fontes:
França, Francisco O. S., Bertolozzi, Maria Rita, “Pandemias: O custo preverso da exclusão social”, Scientific American Brasil, n.º 14, pg. 39, Julho 2003
Webster, Robert G., Walker, Elizabeth Jane, “Influenza”, Scientific American Brasil, n.º 14, pg. 46-49, Julho 2003
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11/02/2010

Canal C - Vírus na Universidade



Um trabalho de virologia, um bom trabalho. Uma boa apresentação desse trabalho e, pum! Críticas duríssimas sem argumentos. Aqui vou enumerar algumas das críticas e a lógica das mesmas.





O trabalho tem sido explorado nos posts mais recentes.





1- Na parte  do trabalho que diz “primeiro registo de pandemia”, que durou entre 1580 e 1647. 




A crítica: " Uma pandemia não dura tanto tempo. E foi a primeira???"


A origem deste excerto do trabalho é a Scientific American: “A primeira pandemia influenza descrita data de 1580, desde então já 31 foram observadas.”; Daqui " O primeiro registo de pandemia data de 1580, ocorrendo em África e na Europa. Foi responsável pela morte de milhares de pessoas em 1647 à medida que alastrava das Caraíbas até Nova Inglaterra.”; Daqui, daqui e daqui: "La primera epidemia descrita que afecto a Europa, Asia y el Norte de África ocurrió en 1580, y la primera que afecto al Continente Americano ocurrió en 1647.".


A crítica faz sentido não faz? LOL






2- O excerto do capítulo Morfologia, que refere isto: " Hemaglutinina – HA – adesão às células. HA1 e HA2– clivagem por uma   tripsina-like (protease da família das serinas)”


A crítica: " HA adere porque a clivagem promove a disponibilidade do péptido de sinal."


No entanto, na bibliografia aparece isto: " HA1 e o HA2. Com a clivagem, a HA sofre uma mudança conformacional induzindo a actividade de fusão de membrana do polipéptido HA2". O importante estava referido: a clivagem que promove a aproximação do vírus à célula. O outro grupo mencionou apenas a aproximação (sem mencionar o HA1 e o HA2) e não houve qualquer crítica. O grande problema é este: Incoerência nas avaliações.






3- No mesmo ponto


 A crítica: " A clivagem não é pela tripsina mas por uma serínea"


Na bibliografia, aqui: “HA2 torna-se exposta em pH ácido e forma a glicoproteína da fusão. As mudanças conformacionais na HA em pH baixo resultam na exposição de alguns sítios e no seqüestramento de outros. Por exemplo, os sítios de clivagem por tripsina do peptídeo da fusão”  Hmm??? Li bem? Tripsina?? Afinal quem é que não estudou?






4- No mesmo ponto


Crítica: " Tripsina-like não se escreve"


Bem, nos slides vi inúmeros estrangeirismos: DNA, RNA, ORF, Drift, Shift, Feedback. Não convém ter "like" porque apetece implicar. É incrível a falta de ética...





5- No ponto referente ao ciclo replicativo: "Montagem e Extrusão dos viriões"


Crítica: " Extrusão não existe"


Bem, não sou pró em português mas inventar uma palavra é estranho, não? Encontrei quem a inventou. Aqui  alguém inventou a palavra... aqui, no dicionário também! Incrível! Mais incrível ainda, o próprio director desses professores tem um capítulo no seu livro chamado " Montagem e Extrusão. Fantástico.





6- No ponto das variações: Drift Antigénico e Shift Antigénico.


Crítica: " Tem de ser em português, deriva e salto"


Já expliquei este tema nos posts anteriores.  Voltamos ao mesmo, estrangeirismos? Quem emprega dezenas de estrangeirismos por aula e que não sabe o significado de uma palavra intuitiva não tem competência nem moral para  fazer uma crítica destas.


Mesmo assim, cá vai a bibliografia aqui e aqui, sim é a Roche. A Roche está errada, será?? Claro que não!


 
Aqui nesta imagem podemos ver que o "não faças o que digo nem o que faço" passa a fazer sentido. Bela coerência… Este é um slide das aulas. Parece-me ler “Drift” e “Shift”. Ups!



7- No excerto referente à prevenção e ao tratamento: Interferem função do domínio transmembranar da proteína viral M2.(fluxo proteico). Assim não há descapsidação“  
Crítica: "Está errado, inibe a actividade enzimática da NA"


Na bibliografia pode-se ler aqui:   " actua por inibição dos vírus,  através do bloqueio da actividade do canal iónico M2” “inibidor da neuraminidase"


E isto não é mais do que a inibição da actividade enzimática. Talvez seja melhor referir que isto está errado porque a explicação tem de ser a nível atómico, ou melhor, a nível sub-atómico?  A ordem dos farmacêuticos vai chumbar a virologia! Assim como muuuuitas outras instituições…






Em cima está o Excerto do trabalho original e em baixo O mesmo excerto no trabalho corrigido. Ora PORRA! Eu estava certo, não foi corrigido porque estava certo! Isto é muito estranho…





8- No capítulo da actualidade tem referência a “Gripe A”.


Crítica: “Não se pode escrever Gripe A”


Em cima está o excerto original e em baixo o corrigido. Cum Carago! Estava certo!  Em cima "Gripe A"; em baixo "Gripe A". Perceberam? "Gripe A" está errado, então vamos corrigir e... txaram!!! -> "Gripe A" é o corrigido. Uma pergunta: Porquê dizer mal quando está certo? Esta gente é normal? Só mesmo no IHMT. Querem os nomes dos responsáveis?


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Canal C - C de... tudo

C, C de calotice, de conspiração, de "canal dum catano", de Cardina, compreensão. Enfim... dos "C" que se lembrarem enquanto lêem. São histórias (reais) e emocionantes.

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02/02/2010

Gripe: As Variações Antigénicas



O vírus da gripe, antes de sair da célula hospedeira tem de juntar os seus 7 ou 8 segmentos para completar o virião. Contudo, como são milhares de viriões a sair acontece que muitos terão menos de 7 segmentos ou terão segmentos repetidos o que inviabiliza os vírus, que deixarão de infectar pois não têm os segmentos necessários a todo o processo de infecção.
Estes vírus não têm nenhum mecanismo de correcção de erros de transcrição. Desta forma haverá muitos erros de transcrição ou que resulta em proteínas erradas e num virião inviável. As mutações são bastante frequentes, e são o motivo pelo qual precisamos de nos vacinar todos os anos.
As mutações pontuais de H1N1, por exemplo, fazem com que o vírus tenha sucesso contra o nosso sistema imunitário, sistema esse que já protegia contra o H1N1 de uns meses antes. A causa disso é a deriva antigénica, que promove a aquisição de variabilidade genética. É um processo lento e provoca surtos epidémicos.
E se dois vírus da gripe diferentes infectarem a mesma célula, o que vai sair? A resposta é que irá haver, a altura da montagem e saída, uma mistura dos segmentos das duas estirpes. Haverá, então, recombinação antigénica. Neste mecanismo as alterações são enormes.
Podemos reparar que, quando surgiu uma estirpe nova houve um surto pandémico. Em 1918, H1N1; em 1957, H2N2; em 1968, H3N2. Isto deve-se ao facto de haver mistura e troca de segmentos de mais de uma estirpe de gripe. Este mecanismo é altamente pandémico.

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Gripe: Que Bicho é Este?



O BI de um vírus tem como dados importantes o tipo de genoma, a simetria, o diâmetro, e se tem invólucro, que tipo de proteínas apresenta na sua superfície.

- O genoma do vírus da Gripe é de 7 ou 8 segmentos de RNA de cadeia simples (ssRNA), de polaridade negativa.
- A simetria a nucleocápside é helicoidal. A nucleocápside é constituída por 8 segmentos, nos tipos A e B, e por 7 segmentos no tipo C.
- O diâmetro do vírus é de 100 a 120 nm.
- O invólucro é lipídico e apresenta algumas proteínas específicas deste vírus na sua superfície: A Neuraminidase (NA) e a Hemaglutinina (HA). Apresenta ainda uma proteína bastante importante – a M2.

Esta é a estrutura viral do Influenzaviridae, da família dos Orthomyxoviridae, que pertence à ordem dos Mononegavirales. O NA e o HA representam os serótipos dos virus, há 9 tipos de N e 16 tipos de H. 

O vírus entra na célula através da acção conjunta da Hemaglutinina, dos receptores celulares e de uma protease. A Hemaglutinina liga-se aos receptores celulares, o ácido siálico, a protease serínica cliva a Hemaglutinina em HA1 e HA2, desta forma o vírus o péptido sinal fica disponível e o vírus pode entrar. Acontece a endocitose.
A proteína M2 é um canal iónico que permite a descapsidação do vírus. Ao bombear protões para o interior do vírus torna o ambiente intraviral mais ácido, o suficiente para o invólucro se dissociar. Assim os segmentos genómicos ficam disponíveis para transcrever.
Os segmentos migram até ao núcleo celular, entram pelos poros nucleares. Como é no núcleo que está a maquinaria de transcrição celular, os segmentos virais aproveitam para transcrever também através da RdRp que sintetiza os mRNA virais. Estes mRNA apresentam zonas de ligação ao ribossoma (para poderem traduzir para proteínas) – 5’CAP -  e de estabilidade – poli(A). A extremidade 5’CAP é cortada dos mRNA celulares e inserida nos mRNA virais pelo mecanismo de cap snatching. Desta forma os mRNA celulares ficam sem a extremidade onde o ribossoma acopla e não podem traduzir proteínas.
Ainda no núcleo ocorre o splicing de dois transcritos. Assim, a partir de 8 segmentos formam-se 10 proteínas.
Os mRNA virais saem do núcleo com as extremidades 5’CAP para o ribossoma poder traduzir e com a extremidade poli(A) que confere estabilidade. No citoplasma são traduzidas as proteínas. As proteínas da nucleocápside voltam ao núcleo para serem montadas lá.
Após a sua montagem retornam ao citoplasma através da acção da proteína M1 e da NEP/NS2. As nucleocápsides vão-se associar à M1 e vão adquirir o invólucros. Os mRNA trasncritos vão-se juntar e acontece a montagem completa do virião.
A Neuraminidase contribui para a libertação dos vírus da superfície da célula ao remover o ácido siálico da superfície da célula. Assim os vírus ficam livres para infectar outras células.

Fontes:
ANDRADE, H. Rebelo; DINIZ, António; FROES, Filipe – Gripe – Sociedade Portuguesa de Pneumologia – Lisboa – 2003 – ISSN: 972-8152-21-3

FERREIRA, Wanda F. Canas;SOUSA, João Carlos F. - Microbiologia Vol., Lidel .Lisboa, 2002. ISBN 972-757-136-0
 

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Gripe: A História do Vírus



As epidemias têm influenciado a história do ser humano, a política e a economia. Com o aparecimento da agricultura, há 12 mil anos, e a domesticação de animais permitiu um maior agrupamento populacional, o que facilitou a disseminação de doenças infecciosas.
A relação ambiente/saúde está presente na obra de Hipócrates: Ares, Águas e Lugares. Em 2400 a.C. empregou pela primeira vez as palavras epidemeion e endemeion.
Marco Terêncio Varro (116-27 a.C.) já alertava contra a construção de fazendas em sítios “encharcados”.
As superpovoadas casas de cómodos em que viviam os pobres romanos facilitavam a difusão de doenças transmissíveis.
Em 430 a.C. aparece, em Atenas, a primeira epidemia registada de Gripe. Foi também responsável pela destruição do exército de Carlos Magno, em 876.
Em 1580 surge a primeira pandemia de Gripe mas só em 1372 é que surge o primeiro termo para designar a doença. Um médico inglês, John Huxham, introduziu o termo Influenza relacionando os sintomas provocados pelo vírus com a influência astrológica.
Mais recentemente aparecem a Gripe “Espanhola”, A/H1N1, com uma mortalidade entre 2,5% e 5%, em 1918. Esta foi a pandemia de Gripe mais mortífera, entre humanos, de que há registo. Matou cerca de 21 milhões de pessoas num ano. Em 1957 surge a nova estirpe A/H2N2, conhecida como Gripe “Asiática”. Onze anos mais tarde, em 1968, a A/H3N2 entra em cena. Esta foi a terceira pandemia em cinquenta anos; chamar-se-ía Gripe de “Hong Kong”.
Um surto epidémico surgiu na Rússia em 1977, da estirpe H1N1, mais ma vez. Não chegamos ao fim do milénio sem assistir a mais um surto epidémico, agora da estirpe H5N1, a Gripe “das Aves”, com uma mortalidade de cerca de 50%, em 1997. Actualmente assistimos ao reaparecimento da estirpe H1N1, em 2009.

Fontes:
França, Francisco O. S., Bertolozzi, Maria Rita, “Pandemias: O custo preverso da exclusão social”, Scientific American Brasil, n.º 14, pg. 39, Julho 2003
Webster, Robert G., Walker, Elizabeth Jane, “Influenza”, Scientific American Brasil, n.º 14, pg. 46-49, Julho 2003

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