Plasmídeos, pequenos cromossomas circulares encontrados em bactérias, costumam conter genes que oferecem resistência a antibióticos. Como um gene codifica ou “expressa” uma proteína não importa se integra um genoma humano ou vegetal, a proteína vai ser sempre a mesma. Deste modo pode-se “encaixar” no genoma de um vegetal o gene de um insecto, fazendo assim com que o gene confira ao vegetal características desejáveis, como resistência a pragas ou a inserção de nutrientes. A primeira experiência bem sucedida com a técnica que passou a denominar-se DNA recombinante foi a transferência de um gene de uma rã para uma bactéria, em 1973 pelos cientistas Cohen e Boyer, que lideravam equipas de pesquisadores em Stanford e na University of California. Da lista de OGMs fazem parte bactérias como microfábricas de insulina humana, em 1982. A insulina que dantes era isolada do pâncreas de bovinos e porcos, procedimento complexo e demorado, passou a ser produzida muito mais depressa e com mais facilidade.
Os OGMs viriam trazer uma solução face ao crescimento demográfico, o crescimento da produção agrícola poderia resolver a fome no mundo. Seria uma solução mas por outro lado poder-se-ia revelar perigoso. Se doenças e falta de alimentos não limitassem o crescimento da população humana, esta duplicaria de 25 em 25 anos, o que quer dizer que se os OGMs viriam oferecer alimento à população mundial com déficit de alimento estaríamos ou estaremos mesmo a aumentar a população humana para números extremos para a capacidade da Terra. Actualmente, segundo a última Cimeira da Terra, seriam necessárias 4,5 “Terras” com as capacidades da nossa para que toda a população mundial viva a nível médio europeu de qualidade de vida. Mas não é a proteger e dar lugar a toda a gente que houver que nos vamos salvar, pelo contrário. Se o aumento de população e do consumo de electricidade continuar como agora, em 2600 só haverá lugares em pé numa Terra aquecida ao rubro. Problemas a longo prazo poderão ser resolvidos através das soluções que podemos arranjar actualmente. Soluções essas que passam por arranjar lugar para toda o crescimento da população, por exemplo colonizar Marte.
Fontes:
Scientific American
"O Universo Numa Casca de Noz", Stephen Hawking
3 comentários:
Há OGM em cultivo comercial há mais de dez anos e mesmo assim ainda estão para ver a luz do dia esses tais que "são maiores, têm melhor aparência e podem ser colhidos a qualquer altura do ano". Para já os OGM apenas são solução para a falta de imaginação do quem escreve ficção científica... porque mais de 95% de todos os OGM cultivados pertencem apenas a duas categorias: ou são tolerantes a pesticidas (o que permite aos produtores aplicar mais pesticidas) ou produzem eles próprios pesticidas (que nós depois comemos no produto final). E as variedades em causa são essencialmente para alimentação animal pelo que, a não ser que se pretenda que comecemos a comer rações, não têm nada a ver com a fome no mundo. Se os OGM resolvessem fomes, os USA, que cultivam mais de 50% dos OGM no mundo, já não teriam os 30 milhões de pessoas a passar fome que têm tido nos últimos anos. Da próxima vez que quiserem impingir-nos sementes patenteadas que fomentam grandes lucros à custa da saúde e biodiversidade, arranjem argumentos melhores.
Olá e obrigado pelo teu comentário.
Dizes que os OGM que se fala, que são maiores, mais nutritivos, com crescimento mais acelerado e acentuado, não correspondem à realidade? Que os OGM que existem são produtos que apresentam uma capacidade pesticida apenas. É isso?
Referes que "95% de todos os OGM cultivados pertencem apenas a duas categorias: ou são tolerantes a pesticida (...)ou produzem eles próprios pesticidas". Não será um número exagerado? E, não será também, uma necessidade um OGM ter de ser tolerante ou produtor de um pesticida? Porque, vejamos, um OGM tende a ser um produto que tem de resistir a pragas para poder sobreviver às pragas porque, se não fosse assim, eram como os outros, que apanham doenças frequentemente. Temos de começar por algum lado. Ou não?
Outra questão: Os OGM vão todos para alimentação animal? Há produtos OGM a ser comercializados em supermercados, mas não estão rotulados como tal (o que é uma questão polémica). Já li uma notícia que referia que amendoim GM seria óptimo pois há uma percentagem incrível de pessoas que são intolerantes ao produto.
Por último: Já vi que és anti-OGM. Há várias plataformas anti-OGM como os "Trangénicos Fora do Prato" (conheci, em Faro, parte da organização), e fui colaborador num ciclo de palestras sobre OGM na Universidade do Algarve. Gostaria de saber quais as razões que te movem.
cumprimentos
Vou tentar responder por ordem.
>Dizes que os OGM que se fala, que são maiores, mais nutritivos, com crescimento mais acelerado e acentuado, não correspondem à realidade? Que os OGM que existem são produtos que apresentam uma capacidade pesticida apenas. É isso?
Exactamente.
>Referes que "95% de todos os OGM cultivados pertencem apenas a duas categorias: ou são tolerantes a pesticida (...)ou produzem eles próprios pesticidas". Não será um número exagerado?
Não, não é exagerado. Na verdade peca por defeito. Se fores a www.isaaa.org e consultares os números oficiais da indústria verás que eles não consideram sequer outros tipos de OGM. Por isso na verdade o número correcto é 100%.
>E, não será também, uma necessidade um OGM ter de ser tolerante ou produtor de um pesticida? Porque, vejamos, um OGM tende a ser um produto que tem de resistir a pragas para poder sobreviver às pragas porque, se não fosse assim, eram como os outros, que apanham doenças frequentemente. Temos de começar por algum lado. Ou não?
Isso é discutível, mas não era isso que estava a ser discutido. A argumentação do texto era toda na linha "São a solução na medida em que o crescimento na produção agrícola poderia resolver a fome no mundo". Por isso a questão girava em torno da produtividade supostamente maior dos OGM, e não de qualquer outra característica (por muito interessante que pudesse ser).
>Outra questão: Os OGM vão todos para alimentação animal?
Cá em Portugal não há números oficiais mas, para o único OGM que cá é cultivado (milho), várias pessoas da indústria já me referiram que vai integralmente para alimentação animal. Quanto aos OGM produzidos no mundo em geral, e segundo Jochen Koester (da www.traceconsult.com) 75% de cada feijão de soja vai para rações. Dos restantes 25% é que se faz tudo o resto que é feito de soja: tintas, shampoos, biocombustíveis e, sim, também algum tofu e TVP. Não esquecer que a soja representa mais de 50% de todos os OGM cultivados (em termos de área usada), por isso é um bom exemplo.
>Há produtos OGM a ser comercializados em supermercados, mas não estão rotulados como tal (o que é uma questão polémica).
Discordo. Aqui não há qualquer polémica... a lei é clara e se não é cumprida é apenas uma questão de polícia.
>Já li uma notícia que referia que amendoim GM seria óptimo pois há uma percentagem incrível de pessoas que são intolerantes ao produto.
Também era útil chocolate que não engordasse, arroz que não precisasse de água e manteiga que não desse em colesterol. Vendo bem, a Natureza realmente não pensou em nada do que era importante.
>Por último: Já vi que és anti-OGM. Há várias plataformas anti-OGM como os "Trangénicos Fora do Prato" (conheci, em Faro, parte da organização), e fui colaborador num ciclo de palestras sobre OGM na Universidade do Algarve. Gostaria de saber quais as razões que te movem.
Boa pergunta. Embora seja bióloga é a questão do impacto dos OGM na saúde que mais acompanho. Já há demasiada informação científica sobre os efeitos negativos dos OGM em circulação para eu poder viver bem comigo se estiver calada.
Cumprimentos,
Margarida Silva
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