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A Ciência, o Método Científico e as Outras Coisas




Este post é uma resposta a alguns comentários:

Acredito num modelo que avalia, um modelo dinâmico que incrementa conhecimento – o método científico.
Com o método científico deixa de ser necessário provar tudo o que já foi provado. Deixo de ter de provar que a água ferve a 100ºC em condições PTN cada vez que quero fazer um chá, ou de provar que comer um bolo quente faz mal à barriga cada vez que o vir a fumegar e eu o quiser comer.
Um evento pode ser repetido mas, se não puder sê-lo experimentalmente podemos “visualizá-lo” matematicamente, por incapacidade técnica, por exemplo. Antes de os cientistas provares que o átomo era formado por quarks, tinham modelos matemáticos e físicos que o mostravam. Quando, no CERN se provou experimentalmente que haviam 6 quarks (3 famílias de 2 quarks) ficou verificado o modelo anterior. Isto é o método científico.
Imagina que eu te pergunto: qual é a velocidade de um martelo e de uma pena a cair das tuas mãos até ao chão, na Lua e na Terra? Na Terra sabes qual é pois podes medi-la. Não precisas de efectuar a experiência à frente de cada pessoa nem em cada local da Terra à espera que seja diferente. A física e a matemática não mudam. Basta efectuares a experiência uma vez e verificares que bate certo com a fórmula de Newton. Na Lua também podes saber as velocidades usando a mesma fórmula, embora não tenhas capacidade técnica para o fazer experimentalmente.
Vais acreditar na fórmula de Newton ou vais perder tempo em verificar todas as fórmulas? Vais inventar a roda cada vez que queres fazer uma? Por essa razão existem leis, corolários, etc.
A partir da fórmula chegas à velocidade da pena e do martelo. Ao chegares à lua chegas à mesma conclusão: a fórmula está correcta, mesmo na lua. Ou então não chegas à mesma conclusão: a fórmula não está correcta para a lua, então reformulas e tentas inserir alguma constante para que se possa usar a fórmula tanto na terra como na lua. O método científico faz dessas coisas, verifica, falsifica. As hipóteses falseadas terão de ser reconsideradas, reformuladas ou eliminadas. Isso existe constantemente em ciência.
Antes de se confirmarem os quarks, havia grupos que tinham modelos sem quarks. Obviamente que ambos os modelos poderiam estar correctos mas, quando se descobriram os quarks, o modelo sem eles teve de ser excluído. Mais recentemente procuramos o Bosão de Higgs, mas há modelos que excluem o bosão. Até se encontrar a dúvida persiste. Há hipóteses mais realistas que outras, ou mais bem explicadas. O método científico, que é o conjunto de mentes a funcionar sobre diversos modelos, muitos contraditórios, é um processo dinâmico em que os quarks são mentira hoje mas amanhã serão verdade porque foram descobertos. Além disso há uma componente muito mas mesmo muito importante no método científico é a capacidade de crítica.
A crença em deuses é estática e não permite novas formulações. Não permite um método dinâmico.


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28/01/2010

A Ciência, o Método Científico e as Outras Coisas




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Acredito num modelo que avalia, um modelo dinâmico que incrementa conhecimento – o método científico.
Com o método científico deixa de ser necessário provar tudo o que já foi provado. Deixo de ter de provar que a água ferve a 100ºC em condições PTN cada vez que quero fazer um chá, ou de provar que comer um bolo quente faz mal à barriga cada vez que o vir a fumegar e eu o quiser comer.
Um evento pode ser repetido mas, se não puder sê-lo experimentalmente podemos “visualizá-lo” matematicamente, por incapacidade técnica, por exemplo. Antes de os cientistas provares que o átomo era formado por quarks, tinham modelos matemáticos e físicos que o mostravam. Quando, no CERN se provou experimentalmente que haviam 6 quarks (3 famílias de 2 quarks) ficou verificado o modelo anterior. Isto é o método científico.
Imagina que eu te pergunto: qual é a velocidade de um martelo e de uma pena a cair das tuas mãos até ao chão, na Lua e na Terra? Na Terra sabes qual é pois podes medi-la. Não precisas de efectuar a experiência à frente de cada pessoa nem em cada local da Terra à espera que seja diferente. A física e a matemática não mudam. Basta efectuares a experiência uma vez e verificares que bate certo com a fórmula de Newton. Na Lua também podes saber as velocidades usando a mesma fórmula, embora não tenhas capacidade técnica para o fazer experimentalmente.
Vais acreditar na fórmula de Newton ou vais perder tempo em verificar todas as fórmulas? Vais inventar a roda cada vez que queres fazer uma? Por essa razão existem leis, corolários, etc.
A partir da fórmula chegas à velocidade da pena e do martelo. Ao chegares à lua chegas à mesma conclusão: a fórmula está correcta, mesmo na lua. Ou então não chegas à mesma conclusão: a fórmula não está correcta para a lua, então reformulas e tentas inserir alguma constante para que se possa usar a fórmula tanto na terra como na lua. O método científico faz dessas coisas, verifica, falsifica. As hipóteses falseadas terão de ser reconsideradas, reformuladas ou eliminadas. Isso existe constantemente em ciência.
Antes de se confirmarem os quarks, havia grupos que tinham modelos sem quarks. Obviamente que ambos os modelos poderiam estar correctos mas, quando se descobriram os quarks, o modelo sem eles teve de ser excluído. Mais recentemente procuramos o Bosão de Higgs, mas há modelos que excluem o bosão. Até se encontrar a dúvida persiste. Há hipóteses mais realistas que outras, ou mais bem explicadas. O método científico, que é o conjunto de mentes a funcionar sobre diversos modelos, muitos contraditórios, é um processo dinâmico em que os quarks são mentira hoje mas amanhã serão verdade porque foram descobertos. Além disso há uma componente muito mas mesmo muito importante no método científico é a capacidade de crítica.
A crença em deuses é estática e não permite novas formulações. Não permite um método dinâmico.

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