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Doping PARTE II

A resistência é afectada pela quantidade de oxigénio que chega aos músculos. A eritropoietina é uma proteína natural que incentiva o desenvolvimento de glóbulos vermelhos, que são transportadores de oxigénio. A sua forma sintética é uma droga chamada Epoietin ou EPO, foi desenvolvida para o tratamento de anemia mas também é usada por atletas. O seu uso por ciclistas na Volta à França de 1998 foi assombrada por um escândalo. Uma equipa inteira foi eliminada quando se descobriu o uso de EPO, mas o abuso desportivo desta droga continua.

Já se tentou a transferência genética para aumentar a produção de eritropoietina em macacos, os resultados ilustram o perigo. O número de glóbulos vermelhos dos macacos duplicou no espaço de dez semanas, produzindo um sangue tão espesso que tinha de ser periodicamente diluído para evitar a falência do coração.

A manipulação do DNA para melhor performance tornar-se-á aceitável?

Se a terapia genética for usada para melhorar a qualidade de vida, a postura ética da sociedade em relação à manipulação dos nossos genes provavelmente será bem diferente da actual. Terapias que regeneram os músculos podem ser úteis para ajudar atletas a recuperar de lesões.

O jornal New England Journal of Medicine divulgou a primeira descrição documentada de um ser humano portador de uma mutação genética que elimina a produção de miostasina.

Seria um benefício injusto haver vantagens naturais deste tipo em atletas? O caso justificaria o uso de drogas inibidoras da miostasina ou de terapia genética por parte de outros atletas só para nivelar a competição?

O esquiador de cross-country finlendês Eero Mäntyranta ganhou duas medalhas de ouro na Olimpíadas de Inverno de 1964. A descoberta da mutação em toda a sua família foi feita décadas mais tarde. A mutação provoca uma resposta exagerada à eritropoietina.

Em 2003 cientistas australianos examinaram um gene, o ACTN3, num grupo de velocistas. Quase 20% não possuem a versão funcional deste gene, que origina uma proteína específica para as fibras musculares rápidas. Os velocistas continham uma frequência alta da presença de ACTN3 funcional.

Até agora, mais de 90 genes já foram associados ao desempenho atlético.

Um receio está a tomar forma entre os críticos. A conformação genética poderá fazer com que crianças sejam recrutadas para certos desportos ou impedidas de atingir níveis de elite no caso de não possuírem a conformação desejada.

Criaremos superatletas?

In SCIAM (Agosto 2004)

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0 comentários:

31/10/2007

Doping PARTE II

A resistência é afectada pela quantidade de oxigénio que chega aos músculos. A eritropoietina é uma proteína natural que incentiva o desenvolvimento de glóbulos vermelhos, que são transportadores de oxigénio. A sua forma sintética é uma droga chamada Epoietin ou EPO, foi desenvolvida para o tratamento de anemia mas também é usada por atletas. O seu uso por ciclistas na Volta à França de 1998 foi assombrada por um escândalo. Uma equipa inteira foi eliminada quando se descobriu o uso de EPO, mas o abuso desportivo desta droga continua.

Já se tentou a transferência genética para aumentar a produção de eritropoietina em macacos, os resultados ilustram o perigo. O número de glóbulos vermelhos dos macacos duplicou no espaço de dez semanas, produzindo um sangue tão espesso que tinha de ser periodicamente diluído para evitar a falência do coração.

A manipulação do DNA para melhor performance tornar-se-á aceitável?

Se a terapia genética for usada para melhorar a qualidade de vida, a postura ética da sociedade em relação à manipulação dos nossos genes provavelmente será bem diferente da actual. Terapias que regeneram os músculos podem ser úteis para ajudar atletas a recuperar de lesões.

O jornal New England Journal of Medicine divulgou a primeira descrição documentada de um ser humano portador de uma mutação genética que elimina a produção de miostasina.

Seria um benefício injusto haver vantagens naturais deste tipo em atletas? O caso justificaria o uso de drogas inibidoras da miostasina ou de terapia genética por parte de outros atletas só para nivelar a competição?

O esquiador de cross-country finlendês Eero Mäntyranta ganhou duas medalhas de ouro na Olimpíadas de Inverno de 1964. A descoberta da mutação em toda a sua família foi feita décadas mais tarde. A mutação provoca uma resposta exagerada à eritropoietina.

Em 2003 cientistas australianos examinaram um gene, o ACTN3, num grupo de velocistas. Quase 20% não possuem a versão funcional deste gene, que origina uma proteína específica para as fibras musculares rápidas. Os velocistas continham uma frequência alta da presença de ACTN3 funcional.

Até agora, mais de 90 genes já foram associados ao desempenho atlético.

Um receio está a tomar forma entre os críticos. A conformação genética poderá fazer com que crianças sejam recrutadas para certos desportos ou impedidas de atingir níveis de elite no caso de não possuírem a conformação desejada.

Criaremos superatletas?

In SCIAM (Agosto 2004)

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