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A primeira derrota do fundamentalismo religioso

A primeira derrota do fundamentalismo religioso surgiu quando se aprovou, no estado da Luisiana, uma lei que obrigava as escolas a explicar o criacionismo se também ensinassem biologia evolutiva. Em 1987, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos decidiu que a lei da Luisiana era inconstitucional, pois violava o princípio da separação entre Estado e religião consagrado na Primeira Emenda. Em resposta, surgiu o livro “Of Pandas and People”. O objectivo não era ensinar biologia, mas expulsar o evolucionismo, acusado de minar osvalores morais e as crenças religiosas dos jovens.

Para terem êxito, não deviam incluir qualquer referência a Deus nas páginas do livro. A começar pelo título, “Creation Biology (1983), eliminaram as palavras “criacionismo” e “criacionista”.

Em 1991, saiu “Darwin on Trial” de Philip Johnson, no qual se acusava a teoria da evolução de ser “pseudociência”, pois não fora confirmada e nem sequer constituída uma hipótese científica. Era uma postura filosófica produto de um evidente materialismo ateu. No livro torna-se claro o verdadeiro objectivo do DI, o qual não é eliminar a evolução mas sim atingir a base de sustentação da Ciência moderna.

A ciência é metodologicamente naturalista: procura explicações naturais para o mundo natural. Johnson reuniu-se com o filósofo Stephen Mayer, vice-presidente do Discovery Institute, para delinear uma estratégia de substituir a “ciência materialista” pela “ciência teísta” e transformar o DI na “perspectiva dominante na Ciência”.

Na reunião “Reivindicando a América para Cristo”, em 1999, Johnson proferiu que “O DI é um movimento ecuménico. Permite-nos ter um ponto de apoio nas revistas científicas e outro nas revistas de diferentes confissões religiosas. A teoria darwiniana da evolução contradiz não apenas o Génesis como toda a Bíblia”

Em 1993, o movimento DI, inicio a actividade graças a um donativo de 450 mil dólares. Johnson, fundador do Discovery Institute, planeia a “Wedge Stategy” (estratégia da cunha), na qual lança uma guerra cultural contra a concepção da Ciência moderna, espalhando a ideia de que a evolução é uma teoria em crise.

O braço jurídico do Discovery Institute, o Thomas More Law Center, proporciona assistência e apoio a todos os conselhos ou associações que pretendam introduzir o DI. O programa IDEA conseguiu “colocar” conferências em universidades com o prestígio de Yale.

As entrevistas aos membros são controladas por assessores de imprensa. Quando um jornalista da cadeia ABC perguntou a Stephen Meyer se os cristãos evangélicos figuravam entre os principais patrocinadores, o assessor interrompeu e avisou: “Não creio que queira ir por esse caminho”.

Ao politizar as teorias científicas, conseguem retirar-lhes força, pois para a sociedade, os cientistas são o grupo profissional que goza de maior credibilidade.

O Discovery Institute quer separar o DI do Criacionismo. Negando associação com o Deus dos cristãos, mas os seus membros são fundamentalistas cristãos. Interrogados sobre quem foi o “desenhador”, encolhem os ombros e respondem que não podem dizer nada em termos científicos.

O único argumento a favor da existência de um criador inteligente é o da improbabilidade. É um raciocínio antigo. A versão moderna contém a analogia do relojoeiro: se encontramos um relógio numa mata, pensaremos que alguém o perdeu, e não que surgiu ali pelo concurso de circunstâncias naturais.

Michael Behe limita-se a conferir que é a “Teoria do Dedo de Deus”: como não podem explicá-lo como resultado da evolução, torna-se necessário um criador. Misturando o que não foi explicado com o inexplicável.

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13/04/2007

A primeira derrota do fundamentalismo religioso

A primeira derrota do fundamentalismo religioso surgiu quando se aprovou, no estado da Luisiana, uma lei que obrigava as escolas a explicar o criacionismo se também ensinassem biologia evolutiva. Em 1987, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos decidiu que a lei da Luisiana era inconstitucional, pois violava o princípio da separação entre Estado e religião consagrado na Primeira Emenda. Em resposta, surgiu o livro “Of Pandas and People”. O objectivo não era ensinar biologia, mas expulsar o evolucionismo, acusado de minar osvalores morais e as crenças religiosas dos jovens.

Para terem êxito, não deviam incluir qualquer referência a Deus nas páginas do livro. A começar pelo título, “Creation Biology (1983), eliminaram as palavras “criacionismo” e “criacionista”.

Em 1991, saiu “Darwin on Trial” de Philip Johnson, no qual se acusava a teoria da evolução de ser “pseudociência”, pois não fora confirmada e nem sequer constituída uma hipótese científica. Era uma postura filosófica produto de um evidente materialismo ateu. No livro torna-se claro o verdadeiro objectivo do DI, o qual não é eliminar a evolução mas sim atingir a base de sustentação da Ciência moderna.

A ciência é metodologicamente naturalista: procura explicações naturais para o mundo natural. Johnson reuniu-se com o filósofo Stephen Mayer, vice-presidente do Discovery Institute, para delinear uma estratégia de substituir a “ciência materialista” pela “ciência teísta” e transformar o DI na “perspectiva dominante na Ciência”.

Na reunião “Reivindicando a América para Cristo”, em 1999, Johnson proferiu que “O DI é um movimento ecuménico. Permite-nos ter um ponto de apoio nas revistas científicas e outro nas revistas de diferentes confissões religiosas. A teoria darwiniana da evolução contradiz não apenas o Génesis como toda a Bíblia”

Em 1993, o movimento DI, inicio a actividade graças a um donativo de 450 mil dólares. Johnson, fundador do Discovery Institute, planeia a “Wedge Stategy” (estratégia da cunha), na qual lança uma guerra cultural contra a concepção da Ciência moderna, espalhando a ideia de que a evolução é uma teoria em crise.

O braço jurídico do Discovery Institute, o Thomas More Law Center, proporciona assistência e apoio a todos os conselhos ou associações que pretendam introduzir o DI. O programa IDEA conseguiu “colocar” conferências em universidades com o prestígio de Yale.

As entrevistas aos membros são controladas por assessores de imprensa. Quando um jornalista da cadeia ABC perguntou a Stephen Meyer se os cristãos evangélicos figuravam entre os principais patrocinadores, o assessor interrompeu e avisou: “Não creio que queira ir por esse caminho”.

Ao politizar as teorias científicas, conseguem retirar-lhes força, pois para a sociedade, os cientistas são o grupo profissional que goza de maior credibilidade.

O Discovery Institute quer separar o DI do Criacionismo. Negando associação com o Deus dos cristãos, mas os seus membros são fundamentalistas cristãos. Interrogados sobre quem foi o “desenhador”, encolhem os ombros e respondem que não podem dizer nada em termos científicos.

O único argumento a favor da existência de um criador inteligente é o da improbabilidade. É um raciocínio antigo. A versão moderna contém a analogia do relojoeiro: se encontramos um relógio numa mata, pensaremos que alguém o perdeu, e não que surgiu ali pelo concurso de circunstâncias naturais.

Michael Behe limita-se a conferir que é a “Teoria do Dedo de Deus”: como não podem explicá-lo como resultado da evolução, torna-se necessário um criador. Misturando o que não foi explicado com o inexplicável.

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