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Ética e os perigos da tecnociência

A ciência é um ponto de vista sobre o mundo, sobre o universo e sobre o homem, e por ser um ponto de vista abundam nela ocasiões para se cometerem erros e proporciona as oportunidades para uma utilização destrutiva das suas próprias descobertas, algumas vezes ao arrepio das intenções dos próprios investigadores.

A investigação genética, na área da clonagem reprodutiva, é uma área de risco da ciência.
Os problemas éticos levantados pela tecnociência contemporânea são tão pretinentes e graves que podem provocar uma “espécie de vertigem”: é o futuro da própria humanidade na sua composição biológica que está em jogo.

Na técnica existem dois elementos culturais: conhecimento científico e valores morais. O desenvolvimento da técnica exige a aceitação da determinados valores e implica a re-valorização das valorações éticas e sociais.
É que a técnica não traz só benifícios, acarreta também malefícios; os seus poderes são os nossos riscos. Precisamos não de uma técnica fria mas de uma técnica temperada pela ética.

A técnica surge como forma de o homem dominar a natureza para poder satisfazer as suas necessidades e desta maneira criar um “novo mundo” com novos objectos e instrumentos.
A técnica e a ciência são as grandes responsáveis por problemas como a poluição causada pelas indústrias, a extinção das espécies animais e vegetais, a escassez dos recursos da natureza (na cimeira da terra de 2002 discutiu-se como se poderia por todas as pessoas com pobreza extrema de todo o mundo a nível médio europeu em termos económicos e de recursos, ficou-se a saber que para neste momento se poder fazer isso seriam precisas quatro planetas iguais ao nosso em termos de recursos energéticos e alimentares), o armamento nuclear, etc... Mas não podemos condenar a técnica nem a ciência mas sim que a usa para fins negativos.
O conhecimento científico pode apresentar-se como um instrumento de destruição e manipulação da humanidade. A ciência e a técnica podem ser altamente destrutivas. A ciência pode corromper-se, quando colocada ao serviço da destruição e da violação de direitos como a liberdade e a autodeterminação.
Se a ciência, enquanto investigação pura, é eticamente neutra, o mesmo já não podemos dizer do seu processo e escolhas na investigação e da sua aplicação. Também não podemos esquecer que a investigação científica acaba por ser refém de interesses económicos, políticos e religiosos.

Coloca-se a questão:
Até onde é aceitável que a ciência vá? No campo da engenharia genética com a realização de experiências com embriões humanos, foi dado ao homem um poder que pertencia unicamente à natureza.
Não podemos negar os benefícios da engenharia genética relativamente à área da clonagem terapêutica.

A ciência tem limites: não conhece toda a realidade.
Conhecemos as leis que estão na base de toda a química e de toda a biologia. Tivemos pouco êxito com a previsão do comportamento humano a partir de equações matemáticas, equacionar turbulência atmosféricas! Mesmo que encontremos um conjunto de leis básicas, continuará a existir a tarefa de desenvolver métodos de aproximação melhores que possamos elaborar com êxito previsões das consequências possíveis em situações realistas, por exemplo prever com maior precisão, na área da meteorologia, tempestades, tornados, e sismos.
Outro limite é a de não explicar a totalidade da existência humana.

É positivo não se poder saber tudo. “Um universo em que tudo se saberia seria estático e aborrecido” (Carl Sagan; “Cosmos”).

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14/09/2006

Ética e os perigos da tecnociência

A ciência é um ponto de vista sobre o mundo, sobre o universo e sobre o homem, e por ser um ponto de vista abundam nela ocasiões para se cometerem erros e proporciona as oportunidades para uma utilização destrutiva das suas próprias descobertas, algumas vezes ao arrepio das intenções dos próprios investigadores.

A investigação genética, na área da clonagem reprodutiva, é uma área de risco da ciência.
Os problemas éticos levantados pela tecnociência contemporânea são tão pretinentes e graves que podem provocar uma “espécie de vertigem”: é o futuro da própria humanidade na sua composição biológica que está em jogo.

Na técnica existem dois elementos culturais: conhecimento científico e valores morais. O desenvolvimento da técnica exige a aceitação da determinados valores e implica a re-valorização das valorações éticas e sociais.
É que a técnica não traz só benifícios, acarreta também malefícios; os seus poderes são os nossos riscos. Precisamos não de uma técnica fria mas de uma técnica temperada pela ética.

A técnica surge como forma de o homem dominar a natureza para poder satisfazer as suas necessidades e desta maneira criar um “novo mundo” com novos objectos e instrumentos.
A técnica e a ciência são as grandes responsáveis por problemas como a poluição causada pelas indústrias, a extinção das espécies animais e vegetais, a escassez dos recursos da natureza (na cimeira da terra de 2002 discutiu-se como se poderia por todas as pessoas com pobreza extrema de todo o mundo a nível médio europeu em termos económicos e de recursos, ficou-se a saber que para neste momento se poder fazer isso seriam precisas quatro planetas iguais ao nosso em termos de recursos energéticos e alimentares), o armamento nuclear, etc... Mas não podemos condenar a técnica nem a ciência mas sim que a usa para fins negativos.
O conhecimento científico pode apresentar-se como um instrumento de destruição e manipulação da humanidade. A ciência e a técnica podem ser altamente destrutivas. A ciência pode corromper-se, quando colocada ao serviço da destruição e da violação de direitos como a liberdade e a autodeterminação.
Se a ciência, enquanto investigação pura, é eticamente neutra, o mesmo já não podemos dizer do seu processo e escolhas na investigação e da sua aplicação. Também não podemos esquecer que a investigação científica acaba por ser refém de interesses económicos, políticos e religiosos.

Coloca-se a questão:
Até onde é aceitável que a ciência vá? No campo da engenharia genética com a realização de experiências com embriões humanos, foi dado ao homem um poder que pertencia unicamente à natureza.
Não podemos negar os benefícios da engenharia genética relativamente à área da clonagem terapêutica.

A ciência tem limites: não conhece toda a realidade.
Conhecemos as leis que estão na base de toda a química e de toda a biologia. Tivemos pouco êxito com a previsão do comportamento humano a partir de equações matemáticas, equacionar turbulência atmosféricas! Mesmo que encontremos um conjunto de leis básicas, continuará a existir a tarefa de desenvolver métodos de aproximação melhores que possamos elaborar com êxito previsões das consequências possíveis em situações realistas, por exemplo prever com maior precisão, na área da meteorologia, tempestades, tornados, e sismos.
Outro limite é a de não explicar a totalidade da existência humana.

É positivo não se poder saber tudo. “Um universo em que tudo se saberia seria estático e aborrecido” (Carl Sagan; “Cosmos”).

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