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Tecnociência

A ciência é um ponto de vista sobre o mundo, sobre o universo e sobre o homem, e por ser um ponto de vista abundam ocasiões para se cometerem erros e proporcionar as oportunidades para uma utilização destrutiva das suas próprias descobertas, algumas vezes ao arrepio das intenções dos próprios investigadores.
Os problemas éticos levantados pela tecnociência contemporânea são tão pretinentes e graves que podem provocar uma “espécie de vertigem”: é o futuro da própria humanidade na sua composição biológica que está em jogo.
Na técnica existem dois elementos culturais: conhecimento científico e valores morais. O desenvolvimento da técnica exige a aceitação de determinados valores e implica a re-valorização das valorações éticas e sociais. É que q técnica não traz só benefícios, acarreta também malefícios; os seus poderes são os nossos riscos. Precisamos não de uma técnica “fria” mas de uma técnica “temperada” pela ética.
A técnica surge como forma de o Homem dominar a Natureza para poder satisfazer as suas necessidades e, desta maneira, criar um “novo mundo” com novos objectos e instrumentos.
A ciência e a técnica são as grandes responsáveis pelos problemas como a poluição causada pelas indústrias, a extinção das espécies animais e vegetais, a escassez dos recursos da Natrureza ( Na última cimeira da Terra, em 2002, foi divulgado o como os recursos do nosso planeta estão em escassez: Para que toda a população mundial pudesse viver a nível de recursos e qualidade de vida média europeia seriam necessárias 4 “terras” e meia com os mesmos recursos que o nosso planeta). Não podemos culpar nem a ciência nem a técnica pelo caminho que se poderá tomar. Nós é que escolhemos o caminho, damos uma espécie de vida às invenções. Caminhamos com elas para um futuro que tem 50% de probabilidade de ser catastrófico até ao final do século, segundo as palavras do astrofísico Martin Rees (Público 13 de Dezembro 2003 e também Scientific American Agosto de 2004). “As novas tecnologias e as biotecnologias, em particular podem conduzir a ameaças em relação às quais poderá ser ainda mais difícil protegermo-nos delas”. Outros problemas são “desenvolvimentos em biologia e nos computadores, que podem levar-nos a construir máquinas inteligentes, e à capacidade de modificar os seres humanos. Houve uma coisa que não mudou desde que existe civilização: A NATUREZA HUMANA. MAS, durante este século, ATÉ ISSO PODE MUDAR.” Comenta Sir Martin Rees.
Se a ciência, enquanto investigação pura, é eticamente neutra, o mesmo já não podemos dizer do seu processo e das escolhas na investigação da sua aplicação. Também não podemos esquecer que a investigação científica acaba por ser refém de interesses económicos, políticos e religiosos.
Entramos duma dualidade: a tecnociência veio salvar ou destruir? Ou melhor: Quem conduz essa tecnociência salva ou mata? Ou ambas as coisas? Vivemos numa rede gigantesca, é uma questão muito complexa. Podemos apenas afirmar que existe algo positivo ou negativo ou até num estágio de reflexão numa dada comunidade científica em relação a um assunto num objectivo. O que pode ser bom para uma coisa pode ser mau para outra. O que nos salva de uma multiplicação desenfreada ( ou pelo menos ainda mais desenfreada) da tecnociência é a ética por detrás, é um travão reflectivo e ao mesmo tempo que nos sufoca. Dá espaço para se pensar no que se está a fazer mas ao mesmo tempo não deixa tempo nem certas condições para pensar em algo que não seja um ser com auréola no nosso obro a dizer: “vê lá o que estás a fazer!”.

Ler:
Scientific American Agosto 2004 – Entrevista com Sir Martin Rees
Público 13 de Dezembro 2003

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22/09/2006

Tecnociência

A ciência é um ponto de vista sobre o mundo, sobre o universo e sobre o homem, e por ser um ponto de vista abundam ocasiões para se cometerem erros e proporcionar as oportunidades para uma utilização destrutiva das suas próprias descobertas, algumas vezes ao arrepio das intenções dos próprios investigadores.
Os problemas éticos levantados pela tecnociência contemporânea são tão pretinentes e graves que podem provocar uma “espécie de vertigem”: é o futuro da própria humanidade na sua composição biológica que está em jogo.
Na técnica existem dois elementos culturais: conhecimento científico e valores morais. O desenvolvimento da técnica exige a aceitação de determinados valores e implica a re-valorização das valorações éticas e sociais. É que q técnica não traz só benefícios, acarreta também malefícios; os seus poderes são os nossos riscos. Precisamos não de uma técnica “fria” mas de uma técnica “temperada” pela ética.
A técnica surge como forma de o Homem dominar a Natureza para poder satisfazer as suas necessidades e, desta maneira, criar um “novo mundo” com novos objectos e instrumentos.
A ciência e a técnica são as grandes responsáveis pelos problemas como a poluição causada pelas indústrias, a extinção das espécies animais e vegetais, a escassez dos recursos da Natrureza ( Na última cimeira da Terra, em 2002, foi divulgado o como os recursos do nosso planeta estão em escassez: Para que toda a população mundial pudesse viver a nível de recursos e qualidade de vida média europeia seriam necessárias 4 “terras” e meia com os mesmos recursos que o nosso planeta). Não podemos culpar nem a ciência nem a técnica pelo caminho que se poderá tomar. Nós é que escolhemos o caminho, damos uma espécie de vida às invenções. Caminhamos com elas para um futuro que tem 50% de probabilidade de ser catastrófico até ao final do século, segundo as palavras do astrofísico Martin Rees (Público 13 de Dezembro 2003 e também Scientific American Agosto de 2004). “As novas tecnologias e as biotecnologias, em particular podem conduzir a ameaças em relação às quais poderá ser ainda mais difícil protegermo-nos delas”. Outros problemas são “desenvolvimentos em biologia e nos computadores, que podem levar-nos a construir máquinas inteligentes, e à capacidade de modificar os seres humanos. Houve uma coisa que não mudou desde que existe civilização: A NATUREZA HUMANA. MAS, durante este século, ATÉ ISSO PODE MUDAR.” Comenta Sir Martin Rees.
Se a ciência, enquanto investigação pura, é eticamente neutra, o mesmo já não podemos dizer do seu processo e das escolhas na investigação da sua aplicação. Também não podemos esquecer que a investigação científica acaba por ser refém de interesses económicos, políticos e religiosos.
Entramos duma dualidade: a tecnociência veio salvar ou destruir? Ou melhor: Quem conduz essa tecnociência salva ou mata? Ou ambas as coisas? Vivemos numa rede gigantesca, é uma questão muito complexa. Podemos apenas afirmar que existe algo positivo ou negativo ou até num estágio de reflexão numa dada comunidade científica em relação a um assunto num objectivo. O que pode ser bom para uma coisa pode ser mau para outra. O que nos salva de uma multiplicação desenfreada ( ou pelo menos ainda mais desenfreada) da tecnociência é a ética por detrás, é um travão reflectivo e ao mesmo tempo que nos sufoca. Dá espaço para se pensar no que se está a fazer mas ao mesmo tempo não deixa tempo nem certas condições para pensar em algo que não seja um ser com auréola no nosso obro a dizer: “vê lá o que estás a fazer!”.

Ler:
Scientific American Agosto 2004 – Entrevista com Sir Martin Rees
Público 13 de Dezembro 2003

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