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Revolução Científica do Séc. XVII - PARTE I

A revolução científica dos séc. XVII e XVIII é o resultado de um longo e complexo processo que culminou com os trabalhos de Galileu e Newton. Esta revolução originou uma profunda mudança de mentalidade e de “revoluções industriais” que transformaram o mundo, os hábitos e as relações humanas.

De igual forma levou ao surgimento de uma nova arte (Renascimento literário e artístico), centralização do poder e aumento do poder na burguesia (Estado Moderno), alargamento dos horizontes geográficos, desenvolvimento do comércio a longa distância, início do capitalismo mercantil, etc.

A nova mentalidade originada por esta tremenda transformação caracteriza-se por uma crescente confiança das capacidades humanas.

Segundo Galileu, a autoridade reside «nas experiências sensíveis e nas demonstrações necessárias» e não na argumentação «vã e falaciosa» da retórica filosófica. No entanto, Descartes afirma que «poderia encontrar muito mais verdade nos raciocínios que cada um faz sobre os assuntos que lhe interessam, e cujas consequências logo se sentem no caso de ter mal julgado, do que aqueles que no seu gabinete formula o homem de letras sobre especulações que não produzem efeito algum.»

Uma nova concepção do mundo é dada por uma maior valorização da ciência. «O saber é agora um poder: daqui a sua eficácia, mas também a sua modéstia.»

A ciência moderna obriga a uma reconversão total da imagem do mundo através do fenómeno e da repetição, a medida e o cálculo, liquidou os preconceitos e as categorias mentais que tinham sustentado durante quinze séculos a ciência peripatética.

Segundo muitos pensadores e investigadores a maior transformação na história da humanidade foi a revolução científica de séc. XVII, visto que o homem ambicionava encontrar um domínio da natureza, enquanto que o homem mediecal buscava apenas a contemplação.

Como consequência de todas estas profundas modificações a escolas começam a pôr em questão com uma atitude duvidosa os saberes herdados da ciência antiga.

A ciência moderna pode ser caracterizada como um saber: não dogmático, crítico, aberto, reformulável, aproximado, susceptível a correcções ou refutações, universal e necessários “instrumentos de verificação (provas) para que se possam testar os seus resultados, tem um método organizado, é limitado aos fenómenos, possibilidade de previsão, quantitativo, funcional e operacional, com capacidade técnica e instrumental, autónomo relativamente aos outros saberes (filosofia, religião, etc.) com aos poderes estabelecidos (Estado, Igreja, etc.).

Segundo Descartes, «toda a ciência é um conhecimento certo e evidente» e que « rejeitamos todos os conhecimentos que não passam de prováveis e declaramos que é preciso confiarmos unicamente no que é perfeitamente conhecido e de que não se pode duvidar.

O objecto da ciência é o mundo, a natureza, e o seu nome é física.

Descartes expõe uma teoria do experimentalismo que o leva na elaboração científica a não separar a razão da experiência: «Esta física (…) é inseparavelmente racional e empírica, dedutiva e indutiva. Em vez de ser contraditória, esta dualidade radical exprime a necessidade de justificar a experiência pela concordância crescente da experiência e da razão, isto é, fazer penetrar a racionalidade da alma na realidade do corpo. Daqui resulta uma espécie de tensão, no estatuto da ciência, entre a sua pretensão de uma parte e a sujeição da outra.»

É pela análise das causas e efeitos e das suas múltiplas relações que podemos explicar os fenómenos no movimento que vai do efeito à causa, assim como dar a sua prova no percurso inverso, isto é, indo da causa ao efeito.

Daqui surge uma grande questão: qual é o lugar da experiência científica? Como tal, várias soluções possíveis são formuladas, de um lado Descartes defendendo a minimização do trabalho experimental, desconfiança relativamente aos sentidos, pedir tudo ao entendimento e sobretudo, a explicação do Universo por ter uma causa exterior, Deus, ao qual impõe a sua lei, o seu mecanismo, a sua organização. Outras interpretações tentam contrariar esta anti-carterianismo radical, em que se defende a posição contrária a Descartes, considerando que a sua produção é interpretada como um cientista prático que escreveu uns breves ensinos com alguma importância filosófica.


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22/09/2006

Revolução Científica do Séc. XVII - PARTE I

A revolução científica dos séc. XVII e XVIII é o resultado de um longo e complexo processo que culminou com os trabalhos de Galileu e Newton. Esta revolução originou uma profunda mudança de mentalidade e de “revoluções industriais” que transformaram o mundo, os hábitos e as relações humanas.

De igual forma levou ao surgimento de uma nova arte (Renascimento literário e artístico), centralização do poder e aumento do poder na burguesia (Estado Moderno), alargamento dos horizontes geográficos, desenvolvimento do comércio a longa distância, início do capitalismo mercantil, etc.

A nova mentalidade originada por esta tremenda transformação caracteriza-se por uma crescente confiança das capacidades humanas.

Segundo Galileu, a autoridade reside «nas experiências sensíveis e nas demonstrações necessárias» e não na argumentação «vã e falaciosa» da retórica filosófica. No entanto, Descartes afirma que «poderia encontrar muito mais verdade nos raciocínios que cada um faz sobre os assuntos que lhe interessam, e cujas consequências logo se sentem no caso de ter mal julgado, do que aqueles que no seu gabinete formula o homem de letras sobre especulações que não produzem efeito algum.»

Uma nova concepção do mundo é dada por uma maior valorização da ciência. «O saber é agora um poder: daqui a sua eficácia, mas também a sua modéstia.»

A ciência moderna obriga a uma reconversão total da imagem do mundo através do fenómeno e da repetição, a medida e o cálculo, liquidou os preconceitos e as categorias mentais que tinham sustentado durante quinze séculos a ciência peripatética.

Segundo muitos pensadores e investigadores a maior transformação na história da humanidade foi a revolução científica de séc. XVII, visto que o homem ambicionava encontrar um domínio da natureza, enquanto que o homem mediecal buscava apenas a contemplação.

Como consequência de todas estas profundas modificações a escolas começam a pôr em questão com uma atitude duvidosa os saberes herdados da ciência antiga.

A ciência moderna pode ser caracterizada como um saber: não dogmático, crítico, aberto, reformulável, aproximado, susceptível a correcções ou refutações, universal e necessários “instrumentos de verificação (provas) para que se possam testar os seus resultados, tem um método organizado, é limitado aos fenómenos, possibilidade de previsão, quantitativo, funcional e operacional, com capacidade técnica e instrumental, autónomo relativamente aos outros saberes (filosofia, religião, etc.) com aos poderes estabelecidos (Estado, Igreja, etc.).

Segundo Descartes, «toda a ciência é um conhecimento certo e evidente» e que « rejeitamos todos os conhecimentos que não passam de prováveis e declaramos que é preciso confiarmos unicamente no que é perfeitamente conhecido e de que não se pode duvidar.

O objecto da ciência é o mundo, a natureza, e o seu nome é física.

Descartes expõe uma teoria do experimentalismo que o leva na elaboração científica a não separar a razão da experiência: «Esta física (…) é inseparavelmente racional e empírica, dedutiva e indutiva. Em vez de ser contraditória, esta dualidade radical exprime a necessidade de justificar a experiência pela concordância crescente da experiência e da razão, isto é, fazer penetrar a racionalidade da alma na realidade do corpo. Daqui resulta uma espécie de tensão, no estatuto da ciência, entre a sua pretensão de uma parte e a sujeição da outra.»

É pela análise das causas e efeitos e das suas múltiplas relações que podemos explicar os fenómenos no movimento que vai do efeito à causa, assim como dar a sua prova no percurso inverso, isto é, indo da causa ao efeito.

Daqui surge uma grande questão: qual é o lugar da experiência científica? Como tal, várias soluções possíveis são formuladas, de um lado Descartes defendendo a minimização do trabalho experimental, desconfiança relativamente aos sentidos, pedir tudo ao entendimento e sobretudo, a explicação do Universo por ter uma causa exterior, Deus, ao qual impõe a sua lei, o seu mecanismo, a sua organização. Outras interpretações tentam contrariar esta anti-carterianismo radical, em que se defende a posição contrária a Descartes, considerando que a sua produção é interpretada como um cientista prático que escreveu uns breves ensinos com alguma importância filosófica.

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